Chegamos à quarta e última entrevista da série Mulheres na Logística, sequência comemorativa ao Dia Internacional da Mulher, comemorado anualmente em 8 de março.

Desta vez, vamos conhecer a história de Izabel Reis, filha de imigrantes portugues e apaixonada por aviação. Com 40 anos de experiência no setor, Izabel é, atualmente, diretora da Azul Cargo Express, unidade de logística da Azul Linhas Aéreas.

Leia o papo completo abaixo e veja como sua história representa um marco para a representatividade feminina no setor de aviação do país!

Quem é Izabel Reis?

“Filha de imigrantes portugueses que chegaram ao Brasil após o final da Segunda Guerra Mundial em busca de oportunidades, sempre fui fascinada pela aviação e sonhava em ser piloto, mas esbarrei nas dificuldades impostas às mulheres naquela época.

Ainda assim, me destaquei como executiva em um ambiente frequentemente considerado masculino.

Hoje, com 40 anos de experiência no setor, sou diretora da Azul Cargo Express, unidade de logística da Azul Linhas Aéreas”.

Como é um dia de Diretora de Carga e Logística na Azul? 

“O dia começa com várias reuniões com o time.

Falamos sobre vendas, oportunidades, logística, operação, sempre desenhando novos projetos, procurando novas oportunidades, atentos ao que está acontecendo na atualidade, nos mantendo sempre atualizados e entregando ao cliente o que, às vezes, ele nem sabe que precisa.

Trabalhamos para agilizar os nossos processos, fazer modernizações, firmar novas parcerias comerciais e estratégicas, para chegar ainda mais rápido. Para mim, isso é muito desafiador e empolgante!”

Trajetória: o que te levou ao setor de aviação?

“Sou filha de imigrantes portugueses e, desde pequena, sempre tive vontade de visitar meus parentes. Mas a aviação era uma coisa muito distante, um sonho de criança.

Até que cresci e enveredei por esse caminho. Meu primeiro emprego foi em 1985, no Aeroporto de Guarulhos. Entrei em uma companhia aérea e, desde então, nunca mais saí desse universo.

Sou formada em Administração de Empresas Turísticas, com MBA em Gestão Estratégica e pós-graduada em Gestão de Pessoas.

Um dia, meu vice-presidente me perguntou o que eu entendia da parte de cargas e me propôs o desafio de assumir essa área, em 2017.

Naquela época, o negócio era pequeno, pois dependíamos muito de porão para embarcar, para poder crescer.

Quando cheguei, tive que pegar a apresentação da Azul Cargo literalmente debaixo do braço e gastar sola de sapato mostrando o que era o nosso negócio para as outras empresas.

Conforme a Azul foi crescendo, fomos crescendo juntos, aumentando a nossa quantidade de porões para embarcar cargas. Depois trouxemos nosso primeiro avião cargueiro Boeing 737. Aí sim viramos grandes no transporte de carga.

Mas o maior diferencial foi unir as receitas.

Hoje, 80% da nossa carga vai na barriga dos aviões comerciais da Azul e 20% vão nos aviões cargueiros da Azul Cargo. Isso trouxe rentabilidade. Atualmente, representamos quase 10% do faturamento da Azul”.

Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?

“Um dos maiores desafios da minha carreira foi a pandemia e tivemos que nos reorganizar rapidamente em resposta à paralisação.

Eu tive 150 aviões disponíveis para uso como carga e, a partir desse momento, a equipe da Azul Cargo planejou um pipeline do que poderia ser transportado, como insumos, vacinas, oxigênio para hospitais, além de experimentar o crescimento no setor de e-commerce.

Tudo isso foi realizado usando as aeronaves cargueiras e aquelas que, anteriormente, eram usadas exclusivamente no transporte de clientes regulares.

A empresa até realizou um voo inédito para a China para trazer 400 respiradores e 1,6 milhão de testes rápidos.

Após a pandemia, enveredamos pelo nicho de trabalhar com logística no Brasil, realizando acordos com parceiros rodoviários, parceiros fluviais, parceiros onde atendemos do ponto A ao ponto B.

Hoje, atendemos o norte do país em até 2 dias, por meio do Door2door”.

Quais qualidades te levaram ao sucesso?

“Para mim, o sucesso não está apenas ligado à eficiência logística, mas também à gestão de pessoas. Eu precisei provar meu valor muitas vezes.

Quando engravidei, a cultura corporativa era outra e senti medo de ser substituída. Hoje, incentivo as mulheres do meu time que desejam ter filhos a seguir esse caminho. 

Aprendi com a minha família que cada um de nós tem uma personalidade única, que precisamos sempre apoiar uns aos outros e estar abertos às mudanças. A adaptação é uma necessidade constante”.

Liderança: que dicas você daria para novas profissionais na área de aviação?

“Acredito na liderança humanizada, sempre reconhecendo e impulsionando o time. Quando todos estão envolvidos, todos crescem juntos.

Tudo na vida é como um tripé, a empresa, o desenvolvimento pessoal e a oportunidade. As oportunidades precisam ser reconhecidas rapidamente para que possamos promover o crescimento.

Outros pontos importantes são estar sempre bem atualizado, ter autoconhecimento,

tratar sempre bem as pessoas, independente de quem elas são ou a área que elas atuam, pois isso impactará muito no resultado de suas tarefas”.

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