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Armazenamento on-farm grãos na propriedade rural

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Déficit na ordem de 119 milhões de toneladas mostra urgência de políticas públicas no setor. Veja o que diz Luiza Fatorelli, CEO da Fazenda SJ Margarida!

O armazenamento on-farm é uma prática cada vez mais comum e vantajosa para os produtores agrícolas. Esse método oferece diversos benefícios, desde a redução de custos até o aumento da flexibilidade e controle sobre o próprio produto.

Tradicionalmente, os produtores entregavam suas safras imediatamente após a colheita para as cooperativas, onde os grãos eram armazenados e comercializados. No entanto, esta abordagem pode ser limitante e, muitas vezes, resulta em custos adicionais.

Com o armazenamento na própria propriedade, os produtores podem decidir quando e como vender suas mercadorias, aproveitando momentos mais oportunos do mercado para obter os melhores preços.

E é sobre isso que vamos falar ao longo deste artigo. Para tanto, entrevistamos Luiza Mendes Gonçalves Fatorelli, economista, mestre em Agronegócio e CEO da Fazenda SJ Margarida, localizada em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul. Veja!

A importância do armazenamento on-farm para a segurança alimentar e a estabilidade dos preços dos grãos no mercado

Luiza Fatorelli inicia a entrevista explicando que a falta de uma infraestrutura de armazenagem que atenda a produção agrícola nacional é a grande responsável pelo estoque inadequado de grãos produzidos na safra.

“Quando não há armazenagem, os grãos são mantidos a céu aberto, em caminhões na fila dos portos, e na forma de ‘estoque sobre rodas’ no período da entressafra, o que pode ocasionar perdas qualitativas e quantitativas da produção por meio da proliferação de fungos, bactérias e insetos”, comenta a profissional.

Neste cenário, a armazenagem on-farm exerce a função de garantir a minimização das perdas pós-colheita, economia no transporte, melhoria da qualidade do produto e garantia da padronização para consumo e comercialização.

“Além de possibilitar o aproveitamento dos resíduos das operações de pré-limpeza e limpeza de grãos, como para o uso na alimentação animal”, ressalta.

A armazenagem on-farm, segundo Luiza Fatorelli, também age como uma importante aliada para a estabilidade dos preços dos grãos no mercado, equilibrando temporal e espacialmente a oferta e demanda.

“A presença de uma infraestrutura de armazenagem adequada para atender a produção nacional garante a oferta contínua de grãos no período da entressafra”.

Principais limitações e desafios enfrentados pelos produtores rurais na implementação de unidades de armazenagem on-farm

Na opinião de Luiza Fatorelli, o elevado investimento inicial na estrutura e instalações, e o custo fixo relacionado à manutenção da unidade são as principais limitações na implementação do armazenamento on-farm.

“Frente ao atual déficit de infraestrutura de armazenagem na ordem de 119 milhões de toneladas, urge a necessidade de crédito subsidiado por meio de políticas públicas”, opina.

“Um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores rurais é o de recursos escassos para linhas de crédito que promovam a construção de armazéns dentro das propriedades rurais”, completa.

O papel das políticas públicas na promoção do investimento em unidades de armazenagem de grãos na propriedade rural

A convidada destaca que o modelo de armazenagem on-farm, muito comum em países competidores do agronegócio mundial, ainda é pouco utilizado no Brasil. 

Segundo Fatorelli, em 2022, apenas 15,14% dos armazéns eram localizados on-farm, e esse percentual encontra-se estagnado na última década em torno de 20 milhões de toneladas.

Ela comenta sobre um estudo de viabilidade econômica desenvolvido pela Fazenda SJ Margarida. Segundo os dados, o projeto de armazenagem on-farm se torna viável para áreas acima de 1.800 hectares e para armazéns com giro de, no mínimo, 2,3 ao ano.

“Nesse sentido, as políticas públicas devem direcionar recursos para linhas de financiamento voltadas para construção de condomínios de armazéns on-farm. Construídos nessa modalidade, conseguem atender áreas maiores, garantindo a viabilidade do projeto”, acredita.

Com relação ao giro do armazém, as políticas públicas, na opinião de Luiza Fatorelli, devem direcionar crédito para propriedades em localidades próximas a forte demanda de grãos, onde as unidades servem como centros de recebimento e expedição.

“Também deve-se direcionar recurso para áreas onde há duas safras em períodos distintos, como soja e milho, que permite ao armazém receber produto em dois momentos, garantindo um giro mínimo para tornar o projeto viável”, ressalta.

Tendências e inovações tecnológicas que podem impactar o setor de armazenagem de grãos nos próximos anos

Entre as principais inovações tecnológicas que ajudam a promover a armazenagem on-farm, a convidada destaca a automação da operação de aeração. Ela explica como essa técnica funciona:

“Empresas especializadas acompanham o índice de umidade relativa do ar e temperatura externa e interna no silo armazenador e, a partir dos dados obtidos, montam programas de resfriamento do grão”, conta.

A realização deste processo automático assegura uma aeração correta do grão, sendo fundamental para a conservação, além de proporcionar maiores períodos de armazenamento.

A entrevistada ressalta que o operador de silo ainda é necessário na fazenda para garantir o correto funcionamento dos ventiladores. Contudo, a decisão de acionamento e desligamento do sistema de aeração é remoto e feito por meio de dados levantados da estação meteorológica, eliminando assim o erro humano.

“Esse acompanhamento da temperatura do grão dentro dos silos armazenadores também aponta para a presença de massa de calor, que indica quando cuidados fitossanitários podem ser necessários, ajudando a preservar a qualidade do grão”.

Relação entre a produção agrícola e a preservação ambiental: os benefícios das unidades de armazenagem on-farm

De acordo com a especialista, as perdas pós-colheita são um dos principais gargalos da agricultura moderna, que tem o desafio de aumentar a produção de alimentos de forma sustentável e segura para o meio ambiente.

“As perdas pós-colheita impactam negativamente a sociedade, a economia e o meio ambiente, contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa e o desperdício de recursos naturais”, revela.

Logo, o investimento em infraestrutura de armazenagem adequada para o recebimento e processamento dos grãos garante a minimização de perdas pós-colheita que podem chegar a 24% sem que haja infraestrutura de armazenagem adequada.

“Nesse contexto, o investimento em armazenagem on-farm contribui para a segurança alimentar e a preservação de recursos naturais utilizados na produção, minimizando perdas”, finaliza Fatorelli.

O armazenamento on-farm traz diversos benefícios para o meio ambiente. E a logística, por sua vez, pode contribuir muito para a conservação do planeta. 

Aproveite e veja nosso artigo sobre a gestão de energia renovável nos centros de distribuição!

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