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Mulheres na Logística: Erika Sargin, do Mulheres no Comex

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Por meio do hub Mulheres no Comex, a especialista aplica sua experiência em ações que visam o empoderamento feminino na área. Confira a entrevista!

Em virtude do Mês da Mulher, a Intermodal Digital se orgulha em apresentar uma série de entrevistas inspiradoras com mulheres que estão fazendo a diferença em seus campos de atuação relacionados ao setor logístico como um todo.

Neste contexto especial, voltamos nossas atenções para o dinâmico e desafiador mundo do Comércio Exterior (Comex), onde a presença feminina vem ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento. 

Desta vez, tivemos o prazer de conversar com Erika Sargin, que atua como voluntária no "Mulheres no Comex". 

Trata-se de um hub que reúne profissionais de diferentes backgrounds na área de Comércio Exterior, com o objetivo primordial de gerar apoio mútuo, além de compartilhar conhecimento, experiências, estudos e opiniões.

Veja o bate-papo completo a seguir!

Quem é Erika Sargin?

“Sou mistura de exploradora vintage com um toque high-tech, nascida sob o céu estrelado do interior do Paraná, com a alma embalada pelos clássicos da década de 80. 

Desde pequena, mais curiosa que gato em frente a um aquário, fascinada por desvendar o mundo das máquinas e os mistérios de como tudo funciona. 

Aos 43 anos, carrego comigo o propósito de ser cidadã do mundo (qual o comércio exterior de várias maneiras ajuda), o que me levou a trocar a tranquilidade do interior pelo burburinho da capital na primeira chance que tive.

Me conhecem pela inteligência afiada, raciocínio rápido, e pela alegria contagiante, capaz de iluminar onde precisa. 

Sou daquelas que ama gatos, que distribui sorrisos, sempre pronta para estender a mão e ser a amiga verdadeira. 

Sem enganar ninguém, a personalidade é forte, um verdadeiro café preto daqueles que acorda até defunto; e minha paciência, vive tirando férias sem me avisar.

Teimosa, um pouquinho, confesso. 

Não sou muito de drama, mas, vamos combinar, às vezes acabo sendo a protagonista de uma novela mexicana sem querer. 

No fim das contas, sou uma mistura complexa de características, uma mulher que não tem medo de ser quem é, sempre pronta para uma nova aventura.

Profissionalmente, hoje atuo como especialista em importações de equipamentos para saúde pública e projetos de médias e alta complexidade, nas relações governamentais entre instituições público-privada e apoio a processos de licitação.

Faço parte dos Conselhos de Comércio Exterior da ACRJ e do Conselho de Relações Internacionais da ACMinas.


E sou orgulhosamente repleta de amor, uma co-fundadora e voluntária do hub (que agora é Associação) Mulheres no Comex (MoC) e respondo pelas parcerias da comunidade, além de dar uma ajuda na comunicação”.

Como é um dia no Mulheres no Comex?

“Ser voluntária no Mulheres no Comex é como encontrar um oásis no meio do deserto. 

O comércio exterior é essa vastidão de regras, números, e legislações que mudam mais rápido que moda na temporada de fashion week

Cada dia é um novo desafio, uma nova exigência, um detalhe minúsculo que pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma operação

É um mundo onde o café se torna o melhor amigo e as noites de sono podem ser tão curtas quanto os prazos de entrega.

Mas aí, no meio dessa correria toda, surge o MoC, como uma brisa refrescante em um dia quente de verão. 

Fundado em 2017 pela visionária Monnike Garcia, começou como um singelo blog compartilhando notícias do comércio exterior e, olha só, transformou-se em uma associação vibrante em outubro de 2022, reunindo mais de 80 associadas formais e uma capilaridade de mais de 16 mil pessoas conectadas pelas redes sociais. 

São quase 900 mulheres em grupos de mensagens instantâneas e cerca de R$5 milhões em negócios gerados nesse ambiente que respira sucesso e colaboração.

O dia a dia do MoC é como mergulhar em um mar de histórias inspiradoras, onde mulheres incríveis, antes de serem profissionais renomadas, incitantes ou estudantes, se revelam seres humanos extraordinários, com sonhos, desafios e uma capacidade imensa de se apoiarem. 

Para quem trabalha ativamente na organização do MoC, a rotina é pesada, mas feita com um amor imenso. É onde estamos no lugar dos momentos de aprendizado compartilhado, troca de experiências, treinamentos que realmente tocam nossa prática diária, e discussões tão pertinentes que parecem desenhadas sob medida para nossas necessidades.

Mas o que realmente faz brilhar os olhos é ver como essa rede de apoio transcende o profissional. 

No DNA do MoC está o incentivo mútuo, a celebração da potência feminina em suas diversas facetas e jornadas. 

É um lugar onde você é incentivada a buscar seu lugar ao sol, acreditar no seu valor e, acima de tudo, compartilhar sua luz com as demais.

Em meio a tantas responsabilidades e desafios do comércio exterior, o MoC é aquele respiro, a certeza de que, juntas, somos mais fortes, mais sábias e infinitamente mais capazes. 

Participar do Mulheres no Comex é ter a chance de contribuir para esse movimento de empoderamento, aprendendo e crescendo a cada dia, cercada por mulheres que são verdadeiras fontes de inspiração. 

É, sem dúvida, uma das experiências mais gratificantes e enriquecedoras que se pode ter na vida”.

Trajetória: o que te levou ao setor de economia e comércio exterior?

“Posso dividir essa trajetória em pelo menos dois capítulos! 

Imaginem uma jovem em Curitiba, mais de 20 anos atrás, recém-formada em algo bem técnico e trabalhando numa fábrica de escapamentos para equipamentos pesados. 

A internet? Ah, essa era mais lenta que fila de banco em véspera de feriado, e o fax era nosso WhatsApp da época.

Num belo dia, a tranquilidade da fábrica foi abalada por uma ligação internacional (que soube, era da Austrália). 

O pessoal do comercial, ao ouvir o inglês no telefone, entrou em pânico como se tivesse visto um fantasma. 

Acabei sendo convocada como "Ghostbuster"?

Me chamaram aos gritos para atender a ligação, como se eu fosse a enciclopédia ambulante da língua inglesa.

Lá fui eu, tímida e técnica, pegar o telefone com as mãos tremendo com a certeza que passaria vergonha. 

O cliente, um australiano paciente e claramente se divertindo com nossa confusão, queria detalhes técnicos, preços e, se tudo desse certo, encomendar um conteiner de 40 pés cheio de silenciosos. 

Do outro lado do mundo, alguém queria confiar em nós para uma compra dessas!

Por algum milagre do destino (e com um inglês que eu nem sabia que tinha), consegui não só entender o que ele queria, mas também encaminhar a negociação da venda. 

Parece que a notícia de que eu havia conseguido me comunicar sem fazer papel de palhaça correu mais rápido que notícia ruim, e chegou aos ouvidos de um dos sócios da empresa que ficavam na em outra empresa do grupo.

Visionários ou sem alguém para assumir esse processo, decidiram que eu era a pessoa ideal para cuidar do departamento de exportação. 

E eu, que mal sabia a diferença entre "ship" e "sheep", fui jogada no mundo do comércio exterior. 

Comecei a devorar cursos livres, livros, e a contar com a ajuda dos despachantes como se fossem meus guias espirituais.

E assim, caí de paraquedas no comércio exterior. De uma profissional extremamente técnica na fábrica de escapamentos, virei a responsável pela exportação da fábrica. 

A vida realmente tem seus próprios planos para nós, e às vezes, tudo o que precisamos fazer é atender a uma ligação.

E há 12 anos veio o Capítulo II dessa jornada:

Quem diria que eu, uma paranaense de carteirinha, acabaria me aventurando pelas terras mineiras, movida por um amor que parecia saído de um filme romântico — desses que você assiste com uma caixa de lenços ao lado. 

Lá estava eu, uma jovem casada e, confesso, um tanto assustada. Casar já era uma grande novidade, mas mudar de estado? Isso sim era uma reviravolta digna de nota. 

Imagine só: deixar tudo para trás e começar do zero em Minas Gerais, sem conhecer ninguém, sem minha carreira que eu tanto batalhei para construir. Ah, e sem falar no choque cultural, né? Trocar o "leitE quentE" pelo "pão de queijo”, embora delicioso, não foi tarefa fácil.

Mas, como boa aventureira que sou, não demorou muito para que eu encontrasse meu caminho. 

Quatro meses depois de me dedicar ao nobre ofício de "dona de casa", eis que surge uma oportunidade de ouro em uma empresa com quase duas décadas de experiência em vendas B2G. 

Eles eram especialistas em combater vetores e, veja só, eu mal sabia o que isso significava na época!

Agora, prepare-se para a reviravolta: essa empresa estava prestes a me introduzir ao mundo das importações.  Um universo tão complexo e burocrático que faria qualquer um correr para as colinas. 

Encarei de frente, estudei como se não houvesse amanhã e, aos poucos, fui me tornando a grande responsável pelo procurement. 

Quem diria, hein?

Minha personalidade, somada à minha formação técnica, me permitiu não apenas entender a linguagem dos equipamentos, mas também fortalecer as relações governamentais. 

Trabalho em ritmo frenético, até que a realidade bateu à porta, na forma de uma síndrome de burnout. Sim, eu aprendi da maneira mais difícil que até os mais resistentes têm seus limites.

Depois de um hiato de nove meses, que mais parecia um intenso curso de "como lidar com a vida 2.0”, eu estava de volta, mais fortalecida e consciente do meu valor do que nunca. 

Aprendi a impor meus limites de forma assertiva e a encarar os desafios de frente, com o tradicional sorriso no rosto e um pão de queijo na mão.

E foi assim que uma paranaense apaixonada se tornou uma especialista em algumas áreas do comércio exterior em terras mineiras. 

No fim das contas, o amor e a coragem sempre nos levam exatamente para onde precisamos estar”.

Como você enfrentou e enfrenta os desafios da sua carreira?

“Enfrentar os desafios na carreira do comércio exterior é uma jornada constante de aprendizado, adaptação e superação. 

Desde o início, compreendi que esse setor é dinâmico e exigente, onde as informações mudam rapidamente e é preciso estar sempre atualizado. 

A curiosidade tornou-se minha bússola, guiando-me através de um mar de legislações que nunca param de se alterar. 

A resistência e a resiliência, por sua vez, transformaram-se em minhas âncoras, permitindo-me enfrentar tempestades sem perder o rumo.

A cada desafio, aprendi a erguer a cabeça, a não tomar críticas e contratempos de forma pessoal, mas como oportunidades de crescimento. 

Avaliar as situações com frieza e pragmatismo, sempre com respeito à legislação vigente e aos princípios éticos, tornou-se um exercício diário. 

Entendi que, apesar das dificuldades, com propósito, estudo e perseverança, é possível encontrar soluções para os problemas mais complexos.

O estudo técnico contínuo e o desenvolvimento de habilidades interpessoais (soft skills) são fundamentais nesse processo. 

A capacidade de comunicar-se eficazmente, de negociar com assertividade e de liderar com empatia são tão importantes quanto o conhecimento técnico específico do setor. 

Essas habilidades ajudam a minimizar os impactos na nossa  saúde mental e bem-estar. 

A terapia ajuda muito, isso para qualquer pessoa e/ou área profissional.

Finalmente, enfrentar os desafios da carreira no comércio exterior é um exercício constante de equilíbrio entre o conhecimento técnico e as habilidades humanas, entre a perseverança e a capacidade de adaptação. 

É um setor que testa nossos limites, mas também oferece oportunidades únicas de crescimento e aprendizado. 

Com propósito e dedicação, é possível não apenas sobreviver, mas prosperar, transformando cada desafio em uma nova conquista e ser muito feliz no que você faz”.

Quais qualidades te levaram ao sucesso?

“Ter sucesso na nossa área, pode ser comparado com montar uma mala de viagem – sim, aquela que você leva para as suas aventuras internacionais. Agora, pense que cada item dentro dela é uma qualidade essencial para navegar pelas ondas do comércio exterior. 

E como montamos essa mala?

Primeiro, encontramos a curiosidade – meu par de óculos de sol indispensável. 

Sempre pronta para explorar novos horizontes, a curiosidade me levou a descobrir tendências, legislações e oportunidades antes mesmo delas baterem à porta.

Em seguida, temos a resiliência – meu chapéu de sol. Quantas tempestades enfrentamos a vida toda! Mas, como o chapéu que protege do sol escaldante, a resiliência me manteve firme, transformando cada desafio em uma nova chance para brilhar.

Não podemos esquecer da adaptabilidade como meu vestido favorito, que combina com qualquer ocasião. Mudanças de legislação? Alterações no mercado? Sem problemas! A adaptabilidade me permitiu dançar conforme a música, sempre com estilo e graça.(mesmo eu não sabendo dar um passo de valsa).

Por fim, mas definitivamente não menos importante, a habilidade de resolver problemas – minha querida bolsa de viagem, onde guardo todos os meus gadgets salvadores. 

Com um olhar analítico e uma dose generosa de criatividade, desvendando mistérios e encontrando tesouros escondidos em regulamentos e processos complexos.

Então, minhas valentes navegadoras, equipem-se com curiosidade, resiliência, adaptabilidade e uma incrível capacidade de resolver problemas. 

Com essas qualidades na bagagem, estão prontas para conquistar o mundo do comércio exterior, com a confiança de que o passaporte será cheio de carimbos do sucesso!”.

Liderança: que dicas você daria para novas integrantes em comércio exterior?

“Imaginem-se como capitãs de um navio explorador, navegando por mares desconhecidos, prontas para descobrir novos mundos. 

O comércio exterior é um oceano vasto e cheio de mistérios que vocês estão prestes a explorar. 

E eu, com um pouquinho mais de vivência, mas sempre aprendendo, estou aqui para compartilhar um mapa do tesouro que irá guiá-las nesta aventura empolgante.

Primeiro, lembrem-se de que ser uma profissional útil é como ser a bússola que orienta esse navio. 

Para ser verdadeiramente indispensável, cultivem a habilidade de resolver problemas com criatividade e eficiência. 

Cada desafio é uma ilha desconhecida, cheia de tesouros escondidos esperando para serem descobertos por vocês. Abrace-os com coragem e uma mente aberta.

A comunicação é o vento que impulsiona as velas do seu navio. Aprender a se comunicar de forma clara e eficaz é crucial. 

Sejam assertivas, mas também empáticas, entendendo que cada membro da sua tripulação tem uma visão única que pode contribuir para o sucesso da jornada.

Nunca subestimem o poder da aprendizagem contínua. 

O mar do comércio exterior está sempre mudando, com novas correntes e ventos. Mantenham-se atualizadas, sejam curiosas e sempre dispostas a aprender mais. Isso não só as tornará profissionais - e até líderes - melhores, mas também navegadoras mais confiantes.

Sempre acreditem em si mesmas. A confiança é o farol que guia o navio através da neblina da dúvida. 

Vocês são capazes.Levantem as velas, ajustem o leme e preparem-se para a viagem de suas vidas. 

O mundo do comércio exterior espera por vocês com infinitas possibilidades e eu não tenho dúvidas de que vocês irão conquistá-lo”.

Aproveite e confira agora a nossa entrevista com Marcella Cunha, diretora executiva da ABOL!

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